É
verdade!... a urtiga (ou ortiga) foi durante muito tempo uma planta desprezada e muitas
vezes considerada uma praga do campo, mas nos últimos tempos tem-se-lhe dado
mais atenção e não é caso para menos pois as suas propriedades são
revigorantes, estimulam as nossas defesas imunitárias e são benéficas para a pele. É uma planta em que tudo se aproveita, sementes, raízes, caule,
folhas, flores e com múltiplas utilizações, sendo habitualmente utilizada por
fito-terapeutas para tratar diversos problemas como a artrite, infecções
urinárias, asma, acne, caspa, bem como problemas digestivos, mas são sobretudo
as suas folhas que despertam mais interesse pelas propriedades tonificantes e adstringentes. As partes aéreas da urtiga contêm muitas
substâncias activas, como vitaminas do complexo B (B2, B5, B9), A, C, E... e
minerais como ferro, silício, magnésio, cobre e zinco.
As suas
aplicações práticas são múltiplas e variam consoante a geografia. A Escócia é um
país onde, desde há muito, a urtiga é apreciada e utilizada na culinária sendo
inclusive usada, juntamente com alho francês, brócolos e arroz, na confecção
num dos seus pratos tradicionais. Na Ucrânia usam-nas para pintar de verde os
ovos da Páscoa e aparentemente, ainda hoje em dia, os aborígenes da Austrália
preparam um unguento à base de urtigas para friccionar nos entorses e fazem
cataplasmas com as folhas fervidas. Na produção de queijos há quem utilize a
urtiga em vez do coalho, para activar o processo de coagulação do leite,
ficando o queijo com um sabor particular e bastante agradável.
No campo
também pode ser um poderoso auxiliar, particularmente na produção biológica,
seja para combater doenças como míldio ou parasitas como o piolho, activar a
decomposição do estrume orgânico ou mesmo para forragem de gado bovino, para as
aves e para os coelhos.
Quando
utilizada em preparações para a pele e cabelo é uma planta com excelentes propriedades
tónicas e adstringentes, rica em fosfatos e minerais. Promove a circulação
sanguínea na pele e couro cabeludo e é conhecida por estimular o crescimento do
cabelo, especialmente quando combinada com cavalinha e tussilagem. O seu
elevado teor de sílica e enxofre torna-a muito nutritiva para os cabelos e couro cabeludo, sendo um excelente complemento nos produtos de tratamento para queda de cabelo.
A urtiga quando utilizada em preparações para a pele e cabelo ou como tempero não
tem nenhuma restrição particular, contudo, quando usada sob a forma de cápsulas
ou infusões, as mulheres grávidas ou pessoas com função renal ou cardíaca
reduzida devem tomar precauções pois nestes casos pode interferir com os
medicamentos diuréticos, anticoagulantes e anti-inflamatórios.
Consoante a
finalidade, da urtiga utilizam-se as extremidades mais novas e tenras (sobretudo
durante o mês de Abril), a planta inteira (Maio a Setembro), ou a apenas a raiz
(Agosto a Outubro). É aconselhável que o corte da planta seja feito nas horas
de menor calor e sem a incidência directa do sol e usando umas luvas para
evitar o seu efeito urticante. Caso tenha sido apanhado desprevenido e se tenha
picado, saiba que há alguns remédios caseiros que ajudam a aliviar a dor. Pode
espalhar sumo de limão sobre a parte atingida, azeite ou mesmo sumo de cebola
ou experimentar usar levedura ou fermento em pó para massajar a área afectada.
Depois de
colhida e para eliminar o efeito urticante da planta mergulhe-a em água a
ferver.
Foto – www.jardinagem.org
|
Sem comentários:
Enviar um comentário