03/02/2009

Porquê testar em animais?

Esta é mais uma daquelas questões que me ultrapassam. Para mais, e como sou sensível à causa dos animais, é importante, para mim, fazer esta reflexão, quanto mais não seja para verificar se o meu racíocinio tem algum fundamento.
Vejamos os seguintes factos:
- existem marcas que testam os seus produtos em animais;
- existem, também, marcas, muitas delas conhecidas, que não testam os seus produtos em animais;
- tanto umas como outras, ainda que em alguns casos possa ser discutível (ver neste blog: Anatomia de um champô I - O que não queremos!)
, têm como objectivo desenvolver e vender produtos com qualidade.

Então se é possivel algumas marcas garantirem a qualidade dos seus produtos, sem testar em animais, porque não o fazem todas?...
Se existe uma ampla variedade de técnicas de pesquisa laboratorial*, sem utilização de animais que, para além de constituirem uma aproximação mais humana à ciência, podem ser mais rápidos, eficientes e baratos, porque é que estes métodos não são mais usados?...
A lei europeia (Article 7.2 of EU Directive 86/609/ECC) determina, de forma clara, que, sempre que haja um método alternativo de experimentar, sem o recurso a animais, este deve ser utilizado. Então,...porque é que não se cumpre a lei?

*alguns exemplos: cultura de células, tecidos e orgãos; micro-organismos, tal como bactérias; pesquisa molecular; simulações em computador, incluindo QSARs; estudo em populações (epidemiologia); estudos clínicos com voluntários humanos, etc.

Bom, uma coisa é certa, tal como a associação ANIMAL refere, eu acredito que “os animais não humanos existem pelas suas próprias razões e são possuidores de uma dignidade moral intrínseca que é absolutamente incompatível com o uso ou abuso de animais para qualquer fim humano”.
Para todos os que estão de acordo com o meu raciocínio, aqui ficam algumas informações:
- duas instituições, que considero serem idóneas e que trabalham activamente com o propósito de defender os direitos dos animais – PETA e ECEAE;
- Nestes sites poderam encontrar mais informações ilucidativas acerca deste assunto:
www.eceae.org
www.peta.org
www.caringconsumer.com
www.gocrueltyfree.org

- Se pretendem produtos ”cruelty-free”, procurem produtos com este logótipo, é a garantia que não são testados em animais.

Para os mais cépticos aqui fica um vídeo ilucidativo, penso que ninguém ficará indiferente.


Autor: People for the Ethical Treatment of Animals – 03-02-2009
Copyright rita c. Reprodução permitida desde que indicando o endereço:
http://osprodutosnaturais.blogspot.com/2009/02/porque-testar-em-animais.html

4 comentários:

100% Natura disse...

Obrigado por levantar a questão dos testes em animais. muitas pessoas não têm consciência do que isso é, mas acredito que com o visionamento do vídeo vão perceber o que determinadas marcas fazem em prol da beleza, ignorando completamente os direitos dos animais.

Confesso que fiquei um pouco chocada com o vídeo. Tinha visto um semelhante e a partir desse momento bani por completo todas as marcas que estavam listadas na PETA e em outros sites como companhias que ainda faziam este tipo de testes.

Espero que, com este seu artigo, haja uma maior consciencialização sobre o tema.

Unknown disse...

De facto, a utilização de animais na experimentação de cosméticos é uma aberração... Mas convém distinguir que a experimentação animal, por exemplo, na investigação de fármacos é um mal necessário, uma vez que em muitos casos os restantes modelos experimentais não são de facto bons substitutos dos animais... No entanto, apesar de a indústria cosmética ter o mesmo problema, a validade ou não da utilização de animais prende-se pela diferença entre ter uma pele bonita ou salvar uma vida.

Cordialmente

Marcos

rita c disse...

Não é obrigatório que exista um paralelismo na relação causa/efeito entre humanos e animais.
No caso particular dos produtos 100% naturais certificados (por exemplo os que têm selo de certificação “leapingbunny” ou “Certified Vegan”) praticamente todas estas questões nem sequer se colocam. Se por um lado, os produtos tão pouco seriam certificados se fossem testados em animais, por outro, atendendo à tipologia e natureza de cada componente, dos produtos em causa, não existe esta necessidade.

Luís Silva disse...

Marcos,

Estou plenamente convencido que cada um tem, ou pelo menos deveria ter, direito à sua opinião. Contudo, não estou de acordo quando refere que “a experimentação animal…na investigação de fármacos é um mal necessário” e permita-me que lhe aponte algumas falhas que encontro nos argumentos que apresenta:

1- Vejamos o histórico caso da talidomida. Bem sei que tem sido utilizada, com sucesso, no tratamento de doenças auto-imunes e na regressão de alguns tipos de cancro, desde que sujeita a um apertado controlo. Contudo, foram as suas propriedades antiangiogénicas que, durante as décadas de 50 e 60, foram responsáveis pelas malformações congénitas de milhares de crianças. O mais importante é que isto aconteceu depois de terem sido efectuados testes em animais, porém houve um pequeno detalhe que falhou, as espécies que foram empregues, nesses testes, não eram afectadas pela teratogenicidade da talidomida, ao contrário da espécie humana que é muito susceptível aos efeitos deste fármaco;

2- Quanto a salvar uma vida, humana deveria querer dizer?... É que eu, pelo menos, considero que a vida de um animal não é menos vida (julgo, também, que concordará comigo, não?). A partir daqui, tudo mais que possamos referir são argumentações mais relacionadas com sensibilidades, estilos de vida e orientações ideológicas, logo muito relativas e diferentes de pessoa para pessoa.

Cumprimentos,
Luís Silva